Bastidores de Las Vegas: missionário e teclado dão o tom da "Família Belfort"

Em um dos andares do MGM Hotel, um dos mais tradicionais de Las Vegas (EUA), está hospedado o staff de Vitor Belfort, que desafia o cinturão de Chris Weidman, neste sábado, no UFC 187. Personagens comuns a qualquer atleta de MMA, como técnico de jiu-jítsu e muay thai, compõem o esquadrão do "Fenômeno". Na família Belfort, porém, encontram-se parentes que o ajudam no dia a dia, como um primo e a esposa, Joana. A curiosidade fica por conta do "irmão espiritual" e missionário, o americano Mark Shubert, que o acompanha há cerca de dez anos.

Na ordem: Gilbert Durinho, o nutricionista Doug Kalman, o assistente Evandro, Vitor Belfort, Mark Shubert, Pedro Grapiúna e Daniel Mendes, técnico de muay thai, formam parte da equipe do desafiante ao cinturão dos médios (Foto: Marcelo Barone)

Na "Cidade do Pecado", Vitor Belfort construiu seu recanto em um espaçoso quarto de hotel, rodeado por pessoas de sua confiança, que o auxiliam no cotidiano, embora fique mais aparente durante a semana que antecede uma luta. A dedicação ao peso-médio, que busca seu terceiro título Ultimate, é integral.

- Estou na minha semana de princesa (risos). Tenho uma equipe que me serve, pessoas que me ajudam bastante. É bacana - afirmou o carioca, em entrevista à imprensa, num dos compromissos oficiais da organização. Enquanto responde as perguntas dos jornalistas, Vitor Belfort é observado por seu assistente, Evandro, e por Gilbert Durinho, treinador de jiu-jítsu. Ao fundo, sua esposa e empresária, Joana Prado, conversa com o pai do lutador, José Marcos. À direita do "Fenômeno" está Mark Shubert, 56 anos de idade, um americano radicado no Brasil há mais de uma década.

O americano Mark Shubert toca teclado e canta músicas de adoração (Reprodução: Instagram)

Com bom português, apesar do sotaque carregado, Shubert conta que conheceu Vitor em Belo Horizonte, aproximadamente dez anos atrás, após o desaparecimento de Priscila Belfort, irmã do atleta. O missionário - que prefere não ser chamado de pastor - reforça o staff do lutador e o acompanha sempre que possível. - Moro no Rio de Janeiro, mas viajo quase toda semana. Cheguei na segunda-feira em Las Vegas, mas fiquei na casa dele, em Miami, antes. Normalmente cancelo toda a minha agenda e fico três semanas acompanhando-o antes de luta. É uma rotina de vida, de estudo bíblico, de orar todos os dias. Juntamos as forças e oramos juntos. No quarto em que Belfort está hospedado, caixas de som e teclado dão o tom de tranquilidade que ele busca como rotina. Shubert é o encarregado de tocar o instrumento para os demais integrantes, que se reúnem em momento de fé e concentração. - Fazemos café de manhã, tocamos música, pegamos a Bíblia, oramos... São as mesmas coisas que fazemos no dia a dia. São músicas cristãs, de adoração. Somos seguidores. O Vitor é um cara de princípios. O que me impressiona é que fácil um lutador falar "glória a Deus" ou ter tatuagem de um versículo no corpo, mas parece que não viver aquilo. O Vitor vive o que prega, o que ele fala, ele pratica. É um homem de família, de negócios, de tanta coisa, que a luta é só uma parte da sua vida, não é a identidade dele. Amigo pessoal e treinador de jiu-jítsu de Belfort, Gilbert Durinho atesta a importância de Shubert, que suaviza o clima antes de uma das lutas mais importantes dos 19 anos de carreira do amigo.

Lutador do Ultimate relaxa no quarto do hotel com o teclado e a caixa de som ao fundo (Reprodução: Instagram)

- O Mark é um cara bom de ter por perto, um estudioso, que escreveu vários livros. Estamos sempre aprendendo com ele, que deixa o ambiente calmo, agradável. É um cara legal. Estamos na Cidade do Pecado, mas criamos nosso ambiente, mantemos uma rotina calma, pois perto de luta tem muita expectativa, ansiedade e tentamos sair desse mundo, relaxar, aproveitando o tempo juntos para meditar, louvar, ficar em um ambiente harmônico. Chef de cozinha Dono de mãos rápidas e afiadas, Vitor Belfort as utiliza não só na vida profissional. Em seus momentos de descontração, ele calça as luvas, veste o avental e põe, literalmente, a mão na massa, ao atacar de cozinheiro. - Sempre gostei de cozinhar, é um hobby, curto bastante. O pessoal fala que é bom (risos). Primo de Belfort e seu assistente, Pedro Grapiúna garante que o talento do lutador não está restrito ao octógono. Ele, que já morou com Belfort nos Estados Unidos, provou - e comprovou - os pratos preparados pelo "chef". - Isso é parte do estilo de vida do Vitor, que é um cara familiar, que gosta de se envolver em coisas da casa, de lavar a louça. Cozinhar ajuda a mente dele a ficar mais produtiva. Quando moramos juntos, ele sempre cozinhava, estava sempre testando alguma coisa. Tem um dom nessa área também e, quem sabe, no futuro seja algo para a vida dele. O Vitor gosta muito de fazer macarrão, como também um bom salmão, uma carne. Gosta de variar.

Vitor almoça risoto de abobrinha com a esposa, Joana, e os três filhos do casal (Reprodução: Instagram)

Durinho afirma que Belfort é disciplinado em virtude de profissão que escolheu e revela que o amigo fica atento para a combinação dos diferentes tipos de comida. - Ele é um cara bem regrado na alimentação, até por vir baixando de categoria, na nutrição, mesmo sendo acompanhado por profissionais, como o Doug e o Rodrigo Mauro. Até depois da saída do TRT, muita coisa teve que mudar na alimentação, pois muitos alimentos reduzem a testosterona. Então, o Vitor teve que se adaptar. Ele gosta de misturar os alimentos e posso dizer que ele é bem educado nessa parte. Ele gosta de cozinhar e junta a necessidade de se alimentar bem a isso.

O canal Combate transmite o UFC 187 ao vivo, direto de Las Vegas, neste sábado a partir das 19h (horário de Brasília), com acesso também pelo aplicativo Combate Play. O Combate.comacompanha o evento com Tempo Real e transmissão das duas primeiras lutas a partir das 19h45m. Durante todo o evento será possível participar do Tempo Real que esquentará o clima para as disputas de cinturão. Basta enviar uma mensagem no Twitter com a hashtag #CombatenoUFC187.