Reunido à família em São Paulo, Diego Brandão reencontra motivação de lutar
- leandrotumasz4
- 22 de jun. de 2015
- 4 min de leitura

Em 2011, um cearense radicado em Manaus assombrou o mundo do MMA ao virar o "bicho-papão" da 14ª temporada do reality show The Ultimate Fighter, nos EUA, antes de o programa receber uma versão brasileira. Diego Brandão, o "Ceará", atropelou seus adversários no torneio com nocautes no primeiro round em todas as lutas, e se sagrou campeão com uma finalização também no período inicial. Por toda a temporada, o peso-pena afirmou que era empurrado pelo sonho de comprar uma casa para sua mãe, e pôde realizar esse sonho com os bônus de melhor finalização e melhor luta do evento final do reality.
Quatro anos depois, o dominante e assustador brasileiro sumiu. Brandão até venceu quatro de suas sete lutas desde então, mas nunca mais atuou à altura do mesmo potencial que exibiu durante o programa. Segundo o cearense, a realização de seu sonho primário no MMA lhe deixou sem objetivo e motivação, lutando "no automático".
- Saí de Manaus com 21 anos, demorou quatro anos para eu voltar ao Brasil com o contrato assinado e a casa da minha mãe. Eu falei pra ela que só ia voltar quando eu (conseguisse). Quando ganhei o TUF, ganhei dois bônus, dei um tempo mesmo, esfriei a cabeça. Falei, "Não quero mais isso, isso é para louco, não é para gente normal". Foi por aí que eu relaxei. Mas agora, eu quero mais. Os campeões me falavam sempre. O Wanderlei Silva, na primeira vez que eu o encontrei na minha vida, me falou: "Você ganhou o TUF hoje, agora tem que botar mais um objetivo na sua vida, porque se você ficar lutando só por lutar, não é por aí. Tem que ter mais objetivo" - disse o lutador em entrevista por telefone ao Combate.com.
A distância da família, que permanecia no Brasil, e a responsabilidade de sustentá-la se acumularam à desmotivação e atrapalharam seu desempenho. A solução encontrada por Diego Brandão, então, foi retornar ao país. Após um período em Manaus, onde cresceu e ganhou fama no jiu-jítsu antes mesmo de lutar MMA, o lutador se mudou com a mãe, os irmãos e sua filha de 12 anos de idade para São Paulo, onde passou a dividir seus treinos entre as academias 011 e Barbosa Jiu-Jítsu.
- Acho que eu estava um pouco desmotivado em respeito a ficar só nos EUA, essa correria de ser pai de família e ter de voltar toda hora para resolver isso ou aquilo. Sustentar duas famílias, no caso, eu lá e eles aqui, ficava muita correria para mim. Eles também sentem saudades, (reclamavam) que eu não ligava mais, e (eu dizia) "Estou treinando. Se eu ligar, fico com mais saudades de vocês, deixa eu focar e treinar para minha luta". Em época de luta, eu não falava com eles. Esse negócio é muito simples de resolver: vamos viver esse momento juntos! Acho que é fase: todo lutador vai lá para fora, passa uns anos, e volta. Acho que todo mundo faz isso. Eu fui por causa da morte do meu pai, e eu não quero estar longe da minha mãe, já faz nove anos, vai que ela morre aí! Eu lá vivendo o UFC e ela morre. Quero ela ao meu lado. Essa é minha visão: aproveitar esse sonho, essa oportunidade, ao lado deles.
Na última luta, Diego Brandão venceu Jimy Hettes por nocaute técnico
Brandão não fechou as portas para um retorno à Jackson Wink MMA, equipe de Albuquerque (EUA) em que treinou até 2014, casa de nomes como Jon Jones, Donald Cerrone e Andrei Arlovski, entre outros. Ele pretende arrumar vistos para seus familiares e levá-los junto em camps futuros. Por ora, contudo, está feliz com a estrutura que encontrou em São Paulo, e mira o aprimoramento de sua forma física, que, reconhece, estava "devendo" em suas derrotas para Dustin Poirier e Conor McGregor, entre 2013 e 2014.
Na sua última luta, Diego Brandão já começou a mostrar os resultados do trabalho, com um nocaute técnico contra Jimy Hettes no primeiro round do "UFC: Machida x Rockhold", em abril. O peso-pena jura que, desta vez, o "terror do TUF 14" está de volta para valer.
- Quero acabar com as minhas lutas no primeiro round, porque foi assim que cheguei no UFC e assim que ganhei meus fãs. Foi assim que ganhei mais dinheiro e assim que me senti melhor. Eu não sou muito de estratégia, acho que, com o tempo, a gente foi perdendo, se abalando, escondendo o jogo e caindo para trás. Eu, treinado, sou explosivo, sou agressivo, dou show, mando subir, derrubo, e é isso. Acho que sou esse cara, e sou um tipo de cara que gosta de treinar. Estou treinando quatro vezes ao dia, estou acordando 7h da manhã, volto às 23h, é correria em São Paulo. Estou feliz que minha família está comigo. Nove anos longe deles, e eles me contaram várias coisas. Quando eu fui para o TUF, eles pensaram que eu nunca mais ia voltar, porque passaram quatro anos e eu não falava com eles. Hoje em dia, é muito emocionante escuta-los, vê-los - afirmou.
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